segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ayahuasca – Caçador de Mim

Excelente palestra, enfatizando os infinitos benefícios do chá Ayahuasca.
A planta de Poder é um presente do Divino que proporciona uma maravilhosa conexão conosco, natureza e o Infinito Universo em Expansão.
Divinize-se!






O que é a Ayahuasca?




A Ayahuasca é uma bebida psicoativa milenar utilizada ritualisticamente por diversas culturas ao longo do tempo. Constitui-se em um líquido ocre-amargo preparado a partir da cocção de um cipó, de nome cientifico Banisteriopsis caapi, comumente conhecido como Mariri ou Jagube e das folhas de um arbusto cujo nome científico é: Psychotria viridis e que é comumente conhecido como Chacrona ou Rainha; plantas estas naturais da Floresta Amazônica. Seu uso ritual remonta à pré-história e atualmente encontra-se difundido por diversas partes do Brasil e do Mundo.
Ayahuasca é uma palavra de origem quíchua. Aya quer dizer pessoa morta, alma, espírito e, huasca significa corda, liana, cipó. Assim poder-se-ia traduzir Ayahuasca em português como corda (liana, cipó) dos espíritos (da alma, dos mortos). Existem ainda outras traduções para o termo como: vinho da alma; o termo é um dos mais utilizados para designar esta bebida psicoativa. Existem, porém, dentro dos diversos contextos culturais, outras nomenclaturas para esta bebida, como por exemplo: Caapi, Yagé, Kamarampi, Honixua, Natema, Hoasca, Vegetal, Daime, dentre outros.



A Ayahuasca constitui-se em um líquido ocre-amargo preparado a partir da cocção de um cipó, de nome cientifico Banisteriopsis caapi e das folhas de um arbusto cujo nome científico é: Psychotria viridis  plantas estas que existem naturalmente na Floresta Amazônica.
Figura 03. Psychotria viridis – planta da família Rubiácea, suas folhas são utilizadas na preparação da Ayahuasca.
Mas o que realmente é esta bebida, quais são seus efeitos? Para responder a estas questões, faz-se necessário levar em consideração duas perspectivas: a das ciências naturais – botânica e etnobotânica, farmacológica, bioquímica, etc; e uma segunda perspectiva, a das ciências sociais / humanas, como a Antropologia, Geografia Cultural e outras.
As disciplinas da primeira categoria tentam determinar a identidade das plantas com as quais a Ayahuasca é preparada, analisam seus constituintes químicos ativos, e descobrem a ação farmacológica que eles geram, além dos efeitos fisiológicos que produzem nos seres humanos. Os cientistas sociais, como é o caso do nosso estudo, pesquisam como a Ayahuasca é usada em várias sociedades e grupos, os caminhos desta cultura e sua abrangência.
Em relação à Ayahuasca, o trabalho científico mais importante que procurou estudar sua psicofarmacologia foi o trabalho organizado por Charles Grob (1996), com duração de dez anos e titulado de “Projeto Hoasca”, onde participaram 20 pesquisadores de diferentes áreas (psiquiatria, psicologia, química, botânica, medicina e outras) pertencentes a doze centros de pesquisa. Neste estudo foram avaliados quinze homens que freqüentavam o núcleo da União Do Vegetal (UDV) de Manaus-AM e que ingeriam regularmente a Ayahuasca há mais de cinco anos e quinze indivíduos que nunca haviam ingerido Ayahuasca, também do sexo masculino formando assim um grupo-controle. Estes indivíduos receberam uma avaliação psiquiátrica, uma avaliação de personalidade, uma avaliação da intensidade da experiência psicoativa e testes neuro-psicológicos. Estudou-se também a Ayahuasca, seus componentes bioquímicos, assim como as plantas ingredientes dessa bebida. Dentre outros resultados significativos, a pesquisa indicou que a Ayahuasca não causa dependência química/psicológica em seus usuários e que sua toxidade para o organismo humano é comparável com a do suco de maracujá, ou seja, o resultado da pesquisa indicou a inocuidade, a inofensividade dessa bebida. (LABIGALINI, 1998).


Banisteriopsis caapi – cipó utilizado na preparação do chá Ayahuasca

Psychotria viridis – planta da família Rubiácea, suas folhas são utilizadas na preparação da Ayahuasca.
Do ponto de vista farmacológico os constituintes químicos das duas plantas que formam a Ayahuasca parecem estar bem delimitados. A Banisteriopsis caapi contém derivados beta-carbolínicos da harmina, tetra-hidroharmina e harmalina como principais alcalóides. A outra planta presente na mistura, a Psychotria viridis, contém um alcalóide principal, a N-N-dimetiltriptamina (DMT).
O efeito psicoativo produzido pela Ayahuasca em seus usuários está relacionado com a DMT, substância de estrutura molecular semelhante à da Serotonina , presente na Psychotria viridis e que se for administrada isoladamente por via oral é inativada pelas enzimas monoaminoxidases (MAO) existentes no corpo humano. A Ayahuasca, sendo assim, só é ativa por ser uma mistura das duas plantas, na qual os componentes beta-carbolínicos do Banisteriopsis caapi possuem um forte efeito inibidor das MAO, permitindo que a DMT permaneça ativa no organismo humano. Ou seja, um chá preparado somente do cipó ou das folhas separadamente, não teria efeitos psicoativo no organismo humano, somente as duas plantas juntas geram esse efeito.
“A chacrona, (Psychotria viridis). contém: Alcalóide N-N-dimetiltriptamina (DMT), substância que tomada sozinha ou por via oral é inativa devido à atuação, monoaminoxidases-MAO. As análises mostram que, embora as beta-carbolinas (presentes no Banisteriopsis caapi) encontradas nos preparos estejam em doses demasiadamente baixas para mostrarem suas propriedades psicoativas, elas parecem desempenhar um papel na inibição da MAO, livrando assim o DMT de sua ação e permitindo-lhe manifestar suas propriedades psicoativas” (Monteiro, 2003: 10).
Estrutura molecular do alcalóide harmina encontrado no Banisteriopsis caapi e do N,N-dimetiltriptamina (DMT) encontrada na Psychotria viridis. Componentes principais da Ayahuasca. (Ao fundo espécies In natura das duas plantas)
Um fato interessante é que as duas plantas ingredientes da Ayahuasca não são comumente encontradas em mesmas regiões da floresta amazônica, podendo ser separadas por centenas de quilômetros de mata espessa. Isto leva-nos a indagar como sem conhecimentos farmacológicos, as populações pré-colombianas e indígenas realizaram esta combinação das duas plantas, entre um universo de milhares de espécies vegetais.
O universo místico que envolve o uso destas plantas é de difícil análise empírica, uma vez que envolve aspectos subjetivos e não cartesianos. (LABATE; ARAUJO, 2002).
Para o antropólogo Edward Macrae (2002), as plantas, que compõe a Ayahuasca, são tidas como sagradas e estão colocadas a serviço da comunidade que a usa, não possuem um caráter anti-social e representam um elo entre o universo profano e o sagrado. É uma das formas nas quais os homens penetram no mundo dos espíritos, no conhecimento esotérico.
Se por um lado a ciências naturais explicam os efeitos da ação farmacológica, e os efeitos fisiológicos que a Ayahuasca produz nos seres humanos, as ciências sociais / humanas, buscam compreender esse fenômeno na perspectiva da cultura em que ela se insere e analisar a manifestação do sagrado, no ato de beber ritualisticamente a Ayahuasca. Para a maioria das pessoas, alheias a estas culturas, é difícil compreender como se dá esse processo.
Nesse ponto começamos a observar que as propriedades da Ayahuasca transcendem as características bioquímicas para simbolicamente engrenar toda uma rede de significados, de acordo com a tradição cultural onde ela estiver sendo ingerida.
Entre as diversas tribos da bacia Amazônica, a Ayahuasca é percebida como uma poção mágica inebriante, de origem divina, que facilita o desprendimento da alma de seu confinamento corpóreo, voltando ao mesmo conforme a vontade e carregada de conhecimentos sagrados. Entre os nativos é usada para propósitos de cura, religião e para fornecer visões que são importantes no planejamento de caçadas, prevenção contra espíritos malévolos, bem como contra ataques de feras da floresta.
Observamos que as possibilidades de entendimento acerca do que é a Ayahuasca e quais são seus efeitos, são muitas, e se diferenciam de acordo com o contexto ritual e pessoal em que a Ayahuasca é ingerida.
FONTE: TÍTULO: O USO RITUAL DA AYAHUASCA: DA FLORESTA AMAZÔNICA AOS CENTROS URBANOS – Ano 2004. EMMANUEL G. CORREIA LIMA
Fonte : Dadivincke.com

Sem comentários:

Enviar um comentário